Related Posts with Thumbnails

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Minha Sombra, de Jorge de Lima.

De manhã a minha sombra


com meu papagaio e o meu macaco


começam a me arremedar.


E quando eu saio


a minha sombra vai comigo


fazendo o que eu faço


seguindo os meus passos.




Depois é meio-dia.


E a minha sombra fica do tamaninho


de quando eu era menino.


Depois é tardinha.


E a minha sombra tão comprida


brinca de pernas de pau.





Minha sombra eu só queria


ter o humor que você tem,


ter a sua meninice,


ser igualzinho a você.




E de noite quando escrevo,


fazer como você faz,


como eu fazia em criança:


Minha sombra


você põe a sua mão


por baixo da minha mão,


vai cobrindo o rascunho dos meus poemas


sem saber ler e escrever.




Em: Antologia Poética para a infância e a juventude, de Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, INL:1961.




Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro.

Obras:




Poesia:



XIV Alexandrinos (1914)


O Mundo do Menino Impossível (1925)


Poemas (1927)


Novos Poemas (1929)


O acendedor de lampiões (1932)


Tempo e Eternidade (1935)


A Túnica Inconsútil (1938)


Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)


Poemas Negros (1947)


Livro de Sonetos (1949)


Obra Poética (1950)


Invenção de Orfeu (1952)





Romance:

O anjo (1934)



Calunga (1935)


A mulher obscura (1939)


Guerra dentro do beco (1950)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

É um prazer ouvir sua opinião!Obrigada!