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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Paraguaçu. Poema de Raquel Naveira. Pintura de Eckhout, Mulher Tuminambá.

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Mulher Tupinambá com criança, 1641-44

Albert Eckhout, Flandres (1610-1666)

Óleo sobre madeira, 265 x 157 cm

Museu Nacional da Dinamarca

 

 

Paraguaçu

 

Paraguaçu,

Índia tupinambá.

Apaixonou-se  por Caramuru.

 

Caramuru era um peixe,

Alongado como uma serpente

De mucilagem azul,

Era a alcunha de Diogo Álvares Correia,

O náufrago português,

O homem de fogo

Capaz de matar aves do céu;

Saíra por encanto

Das águas do mar

Gotejando pelos poros

Pequenos brilhantes.

 

Por esse deus misterioso,

Cheirando a pólvora,

Enamorou-se Paraguaçu,

Índia de olhos grandes,

Negros como um turvo rio.

 

Caramuru e Paraguaçu

Partiram numa caravela

Rumo à França,

Lá ela se tornou Catarina,

Nome de rainha e santa.

 

Cobriram de tulherias e sedas

Seu corpo nu

De selvagem menina,

Entre livros e castelos

Sua alma se estilhaçava

Entre dois mundos.

 

Regressaram à Bahia,

Diante de injustiças

E desmandos,

Caramuru prisioneiro,

Paraguaçu virou guerreira,

Flechas zumbiram nos ares,

Depôs e matou o donatário Pereira.

 

Paraguaçu,

Índia tupinambá,

Mulher, terra, nação,

Submeteu-se por muito amar. 

Em: Stella Maia e outros poemas, Campo Grande, MS; Editora UCDB:2001

 Autora: Raquel Naveira (Campo Grande, MS 1957) Poetisa, ensaísta, graduada em Letras e Direito, professora no Curso de Letras da Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande (MS), mestranda em Comunicação e Letras, na Universidade Presbiteriana Mackienzie (SP), e empresária de turismo (Pousada Dom Aquino, em Campo Grande – MS), Raquel Naveira destaca-se por seu talento e engajamento nas atividades culturais do centro-oeste brasileiro.  A escritora tem recebido reconhecimento nacional através de inúmeras premiações e várias indicações para prêmios. Em sua obra, são constantes a religiosidade, o misticismo e os temas épicos.

 

Obra:

 

Via Sacra, poesia, 1989

Fonte luminosa, poesia, 1990

Nunca Te-vi, poesia, 1991

Fiandeira, ensaios, 1992

Guerra entre irmãos, poesia, 1993

Canção dos mistérios, poesia, 1994

Sob os cedros do Senhor, poesia, 1994

Abadia, poesia, 1995

Mulher Samaritana, 1996

Maria Madalena, prosa poética, 1996

Caraguatá, poesia, 1996

Pele de jambo, infanto-juvenil, 1996

O arado e a estrela, poesia, 1997

Intimidades transvistas, 1997

Rute e a sogra Noemi, prosa poética, 1998

A casa da Tecla, poesia, 1998

Senhora, poesia, 1999

Stella Maia e outros poemas, 2001

Casa e castelo, poesia, 2002

Maria Egipcíaca, poesia, 2002

Tecelã de tramas: ensaios sobre interdisciplinaridade, ensaios, 2004

Portão de ferro, poesia, 2006

Literatura e Drogas e outros ensaios, crítica literária, 2007

 

 

 

Albert Eckhout (Groningen, 1610 — 1666) foi um pintor, artista plástico e botânico flamengo. É autor de pinturas do Brasil holandês envolvendo a população, os indígenas e paisagens da região Nordeste do Brasil. Viajou também por outras regiões da América, antes de retornar à Europa.

 

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