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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ler sem prazer

Ler sem prazer
(*) Diorindo Lopes Júnior
A menina foi obrigada pela escola a ler um livro que escrevi, para uma prova. Enviou-me um e-mail elogiando a história, o que muito me envaideceu, mas ao mesmo tempo fez-me desanimado.
Não crio histórias para obrigar quem quer que seja a ler ou delas gostar. Escrevo porque gosto, sou movido a leituras e escritas. Aprendi a fazer isso (mais ou menos) direito ainda menino, 8 ou 9 anos.
Uma e outra, leitura e escrita, constituem o meu modo de vida, meu jeito de ganhar dinheiro honestamente e, com ele, pagar as contas. Contudo, nem todo mundo é assim ou tem de ser assim.
Ler, para mim, é fundamental. Foi lendo (muito) que aprendi a escrever sem precisar me esforçar muito (decorar) para aprender as regras gramaticais.
A mensagem desta menina levou-me, sem que eu desejasse, a uma volta ao passado.
Tinha 14 anos quando fui "apresentado" a Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, que odiei. Reli-o já perto dos 30, compreendi e literalmente devorei o máximo que pude de tudo que ele escreveu. Com outros autores, também foi assim.
Penso que as escolas têm mesmo de incentivar a Leitura, mas de uma forma convidativa, lúdica até, sem essa FORÇA DE PROVA. Que os professores sugiram um livro por mês e marquem uma aula para tratarem deste livro, discutirem-no em classe, sem valer nota. Quem não leu, ouve quem leu comentar, mas, por favor, mestre!, não faça da Leitura um inibidor da Leitura.
Ler sem ter vontade é algo parecido como ser obrigado a comer sem ter fome ou não gostar do que é servido - ou lido. E Ler é, basicamente, prazer.
Graças a Deus, esta menina (de uma cidade paranaense) gostou do que escrevi. Muito provavelmente, respondeu corretamente a questões formuladas, onde eu, autor, também provavelmente erraria ou mesmo não saberia responder.
Ler é uma coisa, a interpretação de quem lê é outra. E, raramente, é a mesma. Afinal, o que importa o que eu quis dizer? Importante, para mim, autor e leitor, é o que irão interpretar ou o que eu vou interpretar. Comum, apenas a necessidade de reflexão a respeito do que foi lido.
O resto, todo o resto, é purpurina. Perde o efeito de brilho em qualquer 4ª feira - nem precisa ser de Cinzas.


Fonte: http://www.aomestre.com.br/liv/cronicas.htm

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