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sábado, 5 de junho de 2010

O Gato de Botas

 
Um gato travesso com toda a gataria calçou bota e foi ao rei levar presentes certo dia. Seu dono era bem pobre.
Só tinha um belo olhar e um belo porte.
Mas o Gato de Botas transformou sua vida e sua sorte.
Há muito tempo, um velho moleiro, que tinha trabalhado a vida inteira, chamou seus três filhos e distribuiu entre eles tudo o que possuía.
Entregou o moinho ao mais velho, deu o burro para o segundo e para o terceiro, que era o caçula, sobrou só o gato.
Quando os três filhos ficaram sozinhos, o mais velho combinou viver e trabalhar junto com o segundo irmão.
Ele podia fazer farinha no moinho e o outro iria vendê-la na cidade, com o burro.
 
 Mas o caçula, que só tinha um gato, era melhor que fosse embora com ele, pois para nada servia.
O caçula ficou muito triste, mas concordou:
- Vocês tem razão. O mais que posso fazer com um gato é comer uns bifes e usar a pele para um gorro.
Depois fez sua trouxa e pôs-se a caminho, levando o gato. Não sabia para onde ir. Andou durante muito tempo . . . Quando se cansou, sentou-se num tronco caído, para pensar.
- Meu amo! Poderei ser-lhe mais útil vivo que morto. Arranje-me um par de botas para andar no bosque e um saco. Você vai ver do que eu sou capaz.
O rapaz estranhou o pedido, mas arranjou as botas e o saco para o gato.
- Quero só ver o que um gato pode fazer com isto - pensou.
O gato assim que recebeu o que pedira, saiu depressa, cantando alegremente.
Enquanto caminhava em direção ao bosque, o gato ia fazendo seus planos. Seria difícil imaginar um gato mais esperto do que aquele.
Seu dono nunca poderia adivinhar o que ele pretendia fazer . . .
 
 
 
Chegando ao bosque, o gato pôs no chão o saco bem aberto e dentro jogou uns pedacinhos de pão.
Depois deitou-se e ali perto, fechou os olhos e fingiu de morto. Dali a pouco uma lebre se aproximou e foi comer o pão. Entrou no saco e . . . zás! Num piscar de olho o gato puxou os cordões, fechando o saco, colocou-o ao ombro e correu ao palácio do rei.
- Majestade, venho trazer-vos esta lebre, que meu amo e senhor, o Marquês de Carabá, caçou especialmente para vós.
O rei agradeceu o presente e mandou o cozinheiro preparar a lebre para o jantar.
Nos dias que se seguiram, o gato tornou a levar ao rei vários presentes do Marquês de Carabá: lebres, codornas, coelhos, faisões.
O gato chegava ao palácio e fazendo uma grande reverência, entregava ao rei a caça do dia:
- Majestade, eis aqui duas perdizes, que vos envia meu amo, o marquês de Carabá!
 
O rei ficava encantado. Estava cada vez mais curioso para conhecer o Marquês de Carabá, que o presenteava tanto.
Os próprios cortesãos perguntavam uns aos outros quem era o tal marquês.
E o rei pensava:
- Se é tão bonito quanto é bom caçador, se é tão rico como esplêndido senhor, da minha filha eu lhe darei a mão e o amor!
 
Um dia o gato soube que o rei ia dar um passeio de carruagem com a filha.
Levou o amo até um lago que ficava perto da estrada por onde o rei deveria passar e quando a carruagem se aproximava, mandou o dono despir-se e entrar na água.
- Mas, que é isso, gato? Você perdeu o juízo?
- Depressa, meu amo, depressa! Faça o que lhe digo e não se arrependerá!
O rapaz não teve outro jeito senão obedecer. Tirou a roupa e pulou para dentro da água.
A carruagem do rei já estava perto e o gato começou a gritar:
- Socorro! Meu amo está se afogando! Socorro, Majestade!
 O rei ordenou que parasse e que seus guardas tirassem o marquês de dentro do rio. O gato agradeceu ao rei e disse:
- O pobre marquês . . . foi atirado ao rio por dois bandidos . . . que lhe roubaram.
O rei então a um de seus servos que corresse ao palácio e trouxesse o traje mais bonito de seu guardaroupa.
O furto da roupa era mais uma invenção do gato. É claro que o Marquês de Carabá não poderia apresentar-se vestido com as roupas pobres de um moleiro . . .
Quando o servo chegou com o belo traje do rei, o rapaz vestiu-se e aproximou-se da carruagem. Inclinou-se numa reverência e agradeceu ao rei por tê-lo salvo.
A princesa pediu ao pai que convidasse o Marquês de Carabá para entrar na carruagem e continuar o passeio com eles.
O rapaz aceitou o convite e o rei vendo que a filha se interessava pelo moço, começou a pensar:
- Um marquês desconhecido! Preciso saber quem ele é e também se é rico.
Enquanto isso o gato correra na frente e já estava longe.
 Ao encontrar camponeses trabalhando a terra o gato ordenou em voz grossa:
- Se alguém perguntar de quem são estas terras, digam que pertencem ao Marquês de Carabá. Se não responderem assim, eu os picarei em pedacinhos e farei salsicha de vocês!
Daí a pouco chegou a carruagem do rei. Os camponeses o saudaram e ele perguntou de quem eram aquelas terras.
- São do Marquês de Carabá!
O rei olhou admirado para o rapaz, que disse modestamente:
- É apenas um campo que quase não dá lucro . . . não dá nem para comprar os cartuchos para minha espingarda!
O rei cada vez mais admirado com a riqueza do marquês e não parava de cumprimentá-lo.
O gato entretanto continuara a correr e chegara a um castelo. Com a maior caradepau, bateu à porta:
- Quem é - perguntou o guarda.
- Pode dizer-me de quem é este castelo?
- É de um terrível feiticeiro! - respondeu o guarda. - É melhor você ir andando, porque hoje ele espera hóspedes para um banquete.
O gato insistiu:
- Não posso passar por aqui sem parar para ver seu patrão. Pode anunciar-me: sou o gato do Marquês de Carabá e quero cumprimentá-lo.
- Um gato! Que visita estranha! - disse o feiticeiro, que era muito vaidoso. E mandou-o entrar, pensando que o gato viesse prestar-lhe homenagens.
 
 
 Aproxime-se! - ordenou o feiticeiro ao gato. - Vejamos se consegue me agradar.
- Que bela barba o senhor tem! - exclamou o gato. - E que barriga tão gorda!
- Bravo, gato! Você sabe fazer elogios. E agora, o que tem para me dizer?
- Ouvi falar que . . . mas não é possível . . . não acredito . . . que o senhor é capaz de se transformar num leão!
- Oh! As más línguas . . . Mas, se o senhor me der uma prova de seu poder . . .
- Claro. Posso me transformar no que quiser - respondeu o feiticeiro.
Um . . . dois . . . três! O feiticeiro se transformou num enorme leão. O gato teve tanto medo, que até suas botas tremeram. Mas acalmou-se e disse:
- Muito bem, muito bem! Mas deve ser fácil virar leão. O senhor é grande e o leão também é . . . Não vejo dificuldade nisso!
- Posso virar qualquer coisa, já disse! Até uma coisinha bem pequena!
- Não é possível - retrucou o gato. - Ainda mais porque agora o senhor já deve estar cansado!
- Sou um feiticeiro e os feiticeiros não se cansam. Pode escolher qualquer bicho e me transformarei nele.
O gato que era muito esperto, pediu ao feiticeiro que virasse um ratinho bem pequeno.
- Isso é fácil - disse o feiticeiro. Fique olhando: um, dois e três! O feiticeiro, grande como era, virou um ratinho.
 O gato, não perdeu tempo: num instante pegou o ratinho e comeu. Livre do feiticeiro, o gato percorreu o castelo, dizendo:
- O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo é o Marquês de Carabá. Guardas! Servos! Cozinheiro9s! Preparem-se para receber o Marquês de Carabá e Sua Majestade o rei, em pessoa! 
- O feiticeiro morreu. O novo dono do castelo é o Marquês de Carabá. Guardas! Servos! Cozinheiro9s! Preparem-se para receber o Marquês de Carabá e Sua Majestade o rei, em pessoa! 
O banquete que o feiticeiro ia oferecer aos amigos, será servido ao rei, - continuou o gato.
- Depressa! A carruagem real se aproxima!
De fato, exatamente naquele momento a carruagem do rei passava pela frente do castelo. O gato correu à estrada e disse:
- Sua Majestade seja bem vindo ao castelo do Marquês de Carabá!
- Oh! Meu caro marquês, não sabia que o senhor possuía também um castelo!
- Para dizer a verdade, nem eu! - respondeu o rapaz.
- Tem um lindo castelo! - disse-lhe o rei - bem construído e belo!
O moço em confusão, pensava quieto:
- Isso é coisa do gato, por certo!
- É mais lindo que o nosso - disse a princesa!
- Não é meu, doce princesa! Sou um pobre sonhador. Tenho castelos nas nuvens. Mas estes não tem valor.
- Ai, ai, ai, ai . . . disse o rei! Um disse que é do Marquês, outro diz que não é! Ou me falam a verdade ou mando enforcar os dois, antes do cair da tarde.
- Realmente senhor, eu menti - disse o gato - peço perdão majestade. Eu juro que nesse instante, contarei toda a verdade.
- Há muitos e muitos anos atrás, o gigante roubou todas as terras dos avós desse rapaz. Mas graças a minha astúcia, posso-lhe afirmar nesse instante.
Tudo agora é do meu amo. Pois já comi o gigante!
- Viva! Então, Gato de Botas, condecorado serás, porque livraste o meu reino do gigante feiticeiro - disse o rei - Quanto a ti, belo mancebo, pela sua honestidade, a partir desse momento, será marquês de verdade.
 - Para alegria de todos, dou a mão de minha filha - completou o rei!
E assim termina a história desse gato que foi de fato o mais esperto que houve.
Gato de Botas que levou sua história a tão bom fim.
Feliz de quem tiver um gato assim!

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